Há um padrão no pensamento de esquerda: colocar
a causa no lugar da conseqüência, e, assim, confundir
a opinião pública. O artigo de
ontem de Robert Fisk é um
exemplo disso. Fisk escreveu: "Era claro como água
que a Grã-Bretanha seria um
alvo desde que Tony Blair decidiu se juntar à 'guerra ao
terror' de George W. Bush e à
invasão ao Iraque". E acrescentou: "Quando eles morrem é 'dano colateral', quando nós morremos é 'terrorismo bárbaro'".
É uma visão torta. Os atentados de Londres não são
conseqüência da Guerra do
Iraque; a guerra do Iraque é
que é conseqüência dos
atentados da al-Qaeda: o 11
de Setembro, em que morreram cerca de três mil inocentes, os atentados contra as
embaixadas americanas no
Quênia e na Tanzânia em
1998, com 224 civis mortos, e
o primeiro atentado ao WTC
em 1993, com sete mortos.
Não, estas não foram
ações voltadas "apenas" contra os americanos.
Em 1998, Bin Laden emitiu
uma fatwa, um decreto religioso em que diz: "Matar
americanos e seus aliados —
civis e militares — é uma
obrigação individual para todo muçulmano que possa fazê-lo em qualquer parte do
mundo". O inimigo, portanto,
já não era apenas a América,
mas todos nós. Porque impor ao mundo inteiro o que
ele considera ser o Islã é o
objetivo da al-Qaeda. A fatwa
deixa claro este propósito: "E
isso está de acordo com as
palavras de Deus: 'Combatei
unanimemente os idólatras,
tal como vos combatem' e
'combatei-os até terminar a
intriga, e prevalecer totalmente a religião de Deus'".
Os fanáticos consideram um
mandamento divino estabelecer na Terra, não o Islã,
mas a sua visão radical do Islã, repudiada pela imensa
maioria dos muçulmanos.
Na mesma fatwa, Bin Laden confessa explicitamente
seus laços com o Iraque de
Saddam Hussein, ao acusar
os EUA e aliados de apoiarem Israel: "A melhor prova
disso é a ânsia para destruir
o Iraque, a mais forte nação
árabe". No texto, esta é apenas uma de várias menções
enaltecedoras ao Iraque, feitas, sublinho, em 1998, quando a ditadura de Saddam estava de pé. Quando leio muitos na imprensa dizendo que
não há provas da ligação da
al-Qaeda com o regime de
Saddam, meu sentimento é
de constrangimento. Diante
da confissão pública de Bin
Laden na fatwa, eu digo: escrevem sobre o
que não sabem.
A decisão da
ONU de ir à guerra contra o Iraque para obrigá-
lo a sair do
Kuwait, em 1991,
e o bloqueio
econômico posterior despertaram a ira de Bin
Laden contra toda a coligação
que cumpriu essa determina-
ção, EUA à frente. Os inimigos
somos nós.
O mundo está em guerra
contra fanáticos que querem
impor a nós a
sua ideologia. É
o totalitarismo
do século XXI,
contra o qual
devemos lutar.
Os que pregam
o apaziguamento — deixar o
Iraque, deixar o
Afe ganist ão,
deixar os fanáticos em paz —
são da mesma
estirpe dos que, nos anos
30, pregaram o apaziguamento com Hitler. O resultado é hoje História: Hitler se
agigantou e, para derrotá-
lo, o mundo perdeu milhões
de vidas. Se essa visão de
mundo persistir, não duvidemos: sofreremos tudo novamente. Os EUA e o Reino
Unido estão certos: é preciso combater. Nós somos as
vítimas, eles atacaram primeiro .