Não somos racistas é um livro nascido do espanto. Movido pelo instinto de repórter, Ali Kamel, diretor de jornalismo da Rede Globo, começou a perceber que os diversos instituindo cotas raciais, em tramitação no Congresso, dividem o Brasil em duas cores, eliminando todas as nuances características da nossa miscigenação. Ali constata que, nesta divisão entre brancos e não-brancos, os "não-brancos" são considerados todos negros: "Certo dia, caiu a ficha: para as estatísticas, negros eram todos aqueles que não eram brancos. Cafuzo, mulato, mameluco, cabloco, escurinho, moreno, marrom-bom-bom? Nada disso, agora ou eram brancos ou eram negros. (...) Pior: uma nação de brancos e negros onde os brancos oprimem os negros. Outro susto: aquele país não era o meu." A tentativa de entender e reconhecer este novo país fez com que o jornalista, ex-aluno do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, revisse antigas leituras e pesquisasse documentos, livros e teses. O primeiro capítulo de Não somos racistas mostra como a política de cotas começou a ser construída no governo Fernando Henrique Cardoso em grande sintonia com o que pensava, nos anos de 1950, o então jovem sociólogo Fernando Henrique Cardoso.